Tuesday, June 13, 2006

Varig, a hora está chegando
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(Esse pequeno texto é dedicado à memória da Panair do Brasil e é singela homenagem aos seus funcionários ainda vivos, que podem contemplar o final vergonhoso e merecido de sua algoz, a defunta)
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Apesar da chicana de um juiz que extrapolou de suas funções; apesar do estelionato de funcionários mal intencionados agrupados em torno de uma empresa-fantoche, a TGV; apesar do terrorismo de seus funcionários arrogantes e presunçosos; apesar de bandidos como Bóris Berezovsky estarem "operando" soluções miraculosas; apesar do juiz Ayoub ter obrigado a BR distribuidora a fornecer combustível pelo qual jamais irá receber um real; apesar da Infraero já ter quase R$ 600 milhões de dívidas penduradas dessa empresa incompetente e caloteira; apesar de milhares de passageiros já estarem mofando em aeroportos do Brasil e do mundo; apesar de quase 30 jatos estarem no chão, sem manutenção, canibalizados; apesar de tudo isso e um pouco mais, o Brasil se prepara para perder (prazeirosamente, é bom que se registre) um dos últimos bastiões do atraso e da incapacidade empresariais.
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O fim da Varig é motivo de alívio para os cofres públicos, para os contribuintes e para o país. O término de suas operações - espantosamente sem um acidente nessa fase, por puro milagre - deixará no mercado apenas as empresas modernas, ágeis e regidas pelas leis do mercado e ordenadas pela preferência dos usuários. Cai um dos símbolos do atraso na economia nacional e na vida dos brasileiros.
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Deixando bilhões de dívidas, caloteando a Nação e milhares de credores, explode uma empresa racista, familiocrata, degenerada, sócia da ditadura militar, que espionou para os nazistas durante a segunda guerra, que espionou exilados para o regime de 64, que tramou a morte da Panair do Brasil, que comprou políticos e corrompeu brigadeiros, que fez negociatas e pagou mensalões, que promoveu orgias e traficou influências, que se fartou do monopólio durante décadas atrasando o desenvolvimento do Brasil e prejudicando os brasileiros, que cobrou tarifas extorsivas e humilhou seus passageiros como se lhes fizesse um favor em transportá-los, que nadou de braçada nos céus de lama dos anos de chumbo.
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Que a terra lhe seja pesada. Não deixará, como a Panair, qualquer saudade. Só dívidas e lesados.
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10, 9, 8, 7, 6, 5, 4...
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ruynogueira@uol.com.br