Wednesday, May 10, 2006

Velório animado, coveiros malandros.
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Aí abaixo uma interessante opinião publicada no site www.invertia.com.br, abrigado no portal Terra. Evidentemente foi produzida por cidadão brasileiro esclarecido, que embora não tenha assinado com seu próprio e-mail (o que indica não existe) apresenta argumentos irrespondíveis. Mas é muito interessante e merece a transcrição.
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Estou muito ocupado, mas até amanhã acharei tempo de comentar o curiosíssimo "leilão" da defunta dos ares, num exercício de capitalismo às avessas, que ruboriza os empresários sérios, açula os aventureiros e diverte a todos. O BNDES, malandramente, diz que vai emprestar US$ 100 milhões para quem ficar com metade "boa" do cadáver. Não vai ser assim, mas os ingênuos parecem acreditar. Ninguém consegue responder a pergunta fatal, a que não quer se calar: e os quase R$ 10 bilhões de dívidas? Quem vai pagar? Todos fingem que se encontrou uma solução. Todos fingem que acreditam - como num verso de Pessoa - ser verdade o próprio fingimento.
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986. Gerson Brasil [sememail@sem.com.br] Brasil, 5/10/2006 8:28:11 AM

"Oh povo passional, emotivo / oh gente "in"-profissional, falida. Gente que tem coragem de parar o trânsito para ver o corpo extendido no chão, do acidente grave, atropelado pelo caminhão. Gente que tem coragem de falar mal de empresas bem geridas, defender as corrompidas. Gente que reclama dos roubos do governo, mas declara bisavó morta no imposto de renda. Artistas que moram nos states, fazem protesto, mostrando o dedo para o presidente, afinal na TAM eles têm que pagar passagem. Funcionários que "compram" uma empresa e acham que podem geri-la como a padaria do seu tio-avó português. Classe média que não paga nem o vale transporte da diarista, mas acha que a sua aérea mal administrada não pode falir. Gente que usa camiseta do SOS Mata Atlântica e joga bituca de cigarro pela janela do carro. Gente bairrista, que acha que empresa privada é patrimônio, gente que acha que é orgulho dos Pampas. Gente que confunde boa prestação de serviço com amizade. Gente que paga juros do cheque especial, do empréstimo pessoal, sem ajuda de ninguém, mas que aceita que nosso dinheiro pague a dívida de incompetentes. Oh gente solidária, oh gente inconseqüênte, incoerente. Gente que vibra com um leilão absurso, onde alguém vai comprar um filé, que vai continuar sendo digerido pela pessoa mercado, enquanto a ossada oficialmente viva, vai continuar fedendo, devendo. É como fingir que a mulher morreu para receber o seguro de vida. O que ninguém mesmo quer saber, é quem paga a dívida. A Varig é a cara do Brasil, do Reino de Gerson, do jeitinho brasileiro. É a Varig quebrada, suja, corrupta, com mais de 200 funcionários por avião, onde o saudável é 80, mas que é linda por fora, amena, amiga. De coração eu quero que as linhas da Varig sobrevivam, que o bom espírito da prestação de serviço da Varig, tomara Deus, e os bons homens de negócio, com uma estrutura decente. Mas orgulho mesmo eu tenho de minha família, de meus amigos, de minha terra, e não de quem demagogicamente usa seu nome e acredita que isso é favor. Gersons do meu Brasil, procurem ler. O nome do Brasil que a Varig leva pro mundo é o de mal pagadora. As empresas de leasing elevam suas análises de risco para qualquer empresa brasileira desde que a Vasp privatizada de Canhedo também não pagava nada. E a Varig, ao invés de recuperar, piorou essa fama. A Varig não paga nem ela mesma. Ela conseguiu vender a VEM e já está devendo para ela também! Leiam, Gersons, empresa privida é orgulho de seus donos, não de seus "stakeholders", empresa boa não precisa de dinheiro do governo, precisa tratar bem clientes, e concorrer honestamente com o mercado. Gersons, o Brasil tem mais motivos de orgulho. Tem uma outra gaúcha, a Gerdau, espalhando aço brasileiro mundo a fora, tem a Votorantim, a CVRD, a Petrobrás, a CSN, as Usinas de Álcool de SP, o petróleo fluminense, tem a Embraer que rasga os céus do mundo com tecnologia brasileira. O Brasil tem a Itaipú, o Brasil tem a Embraco, tem a Seleção Brasileira. Definitivamente, o brasil precisa das linhas aéreas, precisa de gente, mas não precisa mais desse modelo arcaico, falido e corrupto, do qual, espero eu, a Varig seja um dos últimos espécimes."
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ruynogueira@uol.com.br